Quarta-feira, 19 de Março de 2008
Quando entrei na dita adolescência, onde os sentimentos ficam baralhados, as hormonas comandam o nosso corpo, e tudo á tua volta te grita para seres bela, não sei como mas interiorizei que sendo magra seria considerada bela...A minha mente dizia-me que pelo exterior conseguiria ser amada pelos outros...não importava quem gostasse de mim, eu queria era ser aceite.
Então levei tudo ao extremo e começei numa privação quase completa de alimentos...Privação essa que com o tempo se tornou obcessiva...
Sabia as calorias de todos os alimentos.fazia conjugações terriveis, mentia para não comer.
Eu só tinha uma certeza quanto menos comesse mas depressa ia ser magra, mais depressa ia ser bonita, mais depressa ia ter carinho.
Depois o espelho começou a trair-me e quanto mais me esforçava, mais ele me dizia que eu estava gorda...
Começei a contar pedaços de carne com pedaços de arroz, e outras coisas sórdidas e lembro-e que não podia comer mais de 10 pedaços e o mais importante, tinham que ser sempre em numero impar.
Quando tinha festas, ou não conseguia mentir aos meus pais, comia pouca quantidade claro...e lembro-me de sentir uma dor tão grande tão grande... que hoje ainda não consigo descrever.Aquela dor traduzia a minha frustação por não estar a trabalhar para o objectivo proposto...Recordo-me que após terminar essa refeições intermináveis deitava-me no chão do meu quarto e fazia ginástica intensiva, qualquer coisa servia, e no minino duas horas. Depois vinha o chã...para desgastar mais.
Lembro-me do prazer de sentir fome, de acordar a meio da noite com uma sensação de dor do estômago...dor física mas que me purificava a alma pois era uma dor que trabalhava para o objectivo final...
Agora já não era porque me diziam para o fazer...pois diziam-me que estava magra e davam-me os parabéns por tal feito mas isso já não me reconfortava, era porque eu sabia que quanto mais magra mais bela e mais aceite pelos outros...
E como tinha um problema de pele que desfigurava o rosto, eu só queria saber do corpo magro para ser bela.
Lembro-me tambem do prazer de estar sentada e de conseguir contar a minha grade costal...que obcessão meu Deus.